Com a pandemia de Covid-19, o chamado “home office”, modalidade de trabalho remoto, tornou-se mais comum, e a expectativa é que essa forma de trabalho seja paulatinamente adotada de vez entre as empresas. No entanto, há desafios. De acordo com um estudo publicado no periódico Personnel Psychology, a experiência de mesclar o mundo doméstico com o trabalho produz efeitos muito diferentes para homens e mulheres que vivem em relacionamentos heterossexuais.
O centro das tensões foi diagnosticado na forma como as tarefas domésticas e obrigações familiares, como a criação dos filhos, passam a ser divididas quando os pares ficam mais tempo em casa. Descobriu-se que homens e mulheres não têm a mesma experiência ao adotarem a modalidade de trabalho remoto.
Embora os dados estatísticos demonstrem uma sensação partilhada de mais trabalho doméstico quando se exercia funções profissionais fora dos escritórios, os homens revelaram sentir menos esse impacto quando suas esposas estavam em casa. A presença masculina, no entanto, não significava um igual alívio nas obrigações domésticas para as mulheres.
Também há um claro recorte de gênero no que diz respeito à culpa. Mulheres se sentiam muito mais culpadas ao receber demandas de trabalho que as impedissem de realizar tarefas no lar ou estar com a família.
A dificuldade em estabelecer limites entre a vida doméstica e profissional, porém, foi uma sensação compartilhada por ambas as partes. Tanto homens quanto mulheres sentiam-se mais culpados ao trabalhar em casa. E relataram dificuldades em estabelecer divisões claras entre a hora de desempenhar atividades domésticas a hora de cumprir obrigações profissionais.
O trabalho, desenvolvido por cientistas chineses e estadunidenses, contou com a participação de 223 casais da China e da Coréia do Sul. Para o desenvolvimento da pesquisa foram recrutadas famílias com e sem filhos, em que ambas as partes da relação desempenhasse funções remuneradas no mercado de trabalho.